sonhos de insônia - 3:40 AM
memórias... dor e prazer... sempre tão presentes em meu passado, opacos e meio transparentes, como fantasmas... ou fumaça... meio que um tantofaz mutante e indistinto. dores que somam-se a outras dores também repele-a as vezes, substituem-nas, como paixões. amar como sofrer... não existem marcos ou fronteiras – não existem limites.
pensamentos que não me deixam dormir... lembranças, hipóteses, sonhos de insônia... a maldita esperança! estúpida, amarga, sádica e arrogante luz ofuscante que me cega. odiada esperança que me conduz novamente, madrugada após madrugada a este buraco. ódio... raiva... indignação... nada sequer arranha esta condição de ‘à deriva’ que me prende nesse ‘meio dormindo acordado’ nesses pesadelo de realidade imaginada. indefesa. cega... surda... imóvel... apenas minha boca que continua a dizer bobagens, amenidades que não me interessam, risos nervosos e...
desvio o olhar. mudo de assunto. fujo. sorrio. digo algo engraçado... mas os pensamentos estarão lá... os sentimentos estarão lá... mas não eu. não há espaço para mim entre todo os outros rostos estranhos que eu não conheço, e que pensam que me conhecem. não mais. nunca mais.
e eu? sou só uma estranha louca que não enxerga corretamente, que não pensa corretamente, que não sente e nem age corretamente. que não tem intimidade suficiente nem consigo mesmo, sendo incapaz de escrever algo ou dizer algo com sentido. isso porque eu sou apenas e inteiramente aquela parte ruim de mim, isso que me torna quem eu sou. Como um problema, um defeito, uma imperfeição, uma rachadura, uma falha. muitas vezes um incomodo para aqueles que eu gosto, aqueles que eu amo ou que odeio - ou os dois.
sou um incomodo para mim mesma... como uma dor que soma e repele, hora juntando tudo em um estopim em forma de tornado dentro da minha cabeça, hora expulsando até a ultima gota de alternativa e, fazendo-se a única, e preenchendo cada buraquinho dentro de mim... como uma dor... como um amor... como uma lágrima fantasma antes do amanhecer... tão sempre, que já nem se ouve mais, que nem se sente mais.