Catherine

By m.regina
Assim, às vezes saem textos bons e as vezes não. Mas eu queria poder escrever bem sempre quando falo de amor! Mas nunca fico satisfeita. Amor é uma coisa nova por demais para se sair assim com certeza e tudo mais, creio, imagina então com rimas intercaladas! Assim, pelo menos comigo.

Então eu vou contar, até mesmo para você meu amor, as coisas
como elas são aqui dentro hoje. Sem rodeios, sem apelar para pensar muito nas imagens e figuras elementares, assim mesmo, começando no pigarreio!

No dia do meu aniversário uma moça veio falar comigo. Jogar conversa fora só, e hoje eu só sei que quero passar o resto da minha vida cozinhando para ela, esquentando e depois soprando para ela, brincando, brigando, abraçando, crescendo, chovendo, cantando para ela! E querendo fazer todo o resto que aparecer no caminho. E tendo uma pressa danada, que me faz até pular o meio da história...

Mas não, pressa não é não. É só uma vontade muito forte mesmo. Porque já
está tudo tão bom! Tão melhor! Tão grande e barrigudo de felicidade, de sorriso
besta, de suspiro, que eu jamais ia querer que passasse mais rápido! Voltei até a escutar samba e a brincar com o cachorro, a nadar na piscina e rever a beleza das libelulas antigas...

Ah, mas e a beleza dela! Parece que foi uma música que pintou o seu rosto, com um
pincel feito de rabo de estrela. E eu sempre fecho os meus olhos... E vejo a sua luz
contornando aqueles seus contornos, desenhando assim numa partitura... Uma melodia linda demais! Com só mesmo as palavras cantadas pelos passarinhos dentro da noite dos seus olhos, com todos os poemas escritos nas linhas da sua boca... Com
os versos e as rimas de cada pedacinho brilhante dos seus sorrisos...

É a música que entra pelos meus olhos e me puxa lá de dentro, com força do fundo de todos os cantos do meu corpo. Me puxando para dançar a vida lá fora, todos os dias ao lado dela. E para melhorar é daquelas que não saem mais da cabeça... Ah! A música também.

Foi essa a moça inclusive que me fez voltar a querer falar baixinho, que me
fez querer voltar a cantar em português, querer desistir de fugir o quanto antes desse Brasil, que me fez não querer mais viver nas glorias da solitude, nem mais no mundo encantado da minha imaginação e das dormências de se perder em mim mesma... A bem da verdade essa moça me fez querer mesmo é parar com tudo... só para poder ficar olhando para ela. De querer tanto acho que é capaz de até parar o
tempo, nesse dia que ela estiver pertinho assim, o bastante para ouvir “Alô Fevereiro!” de dentro do meu peito.

Só porque ela diz que adora me ver me escondendo de vergonha. Só porque eu sei que não consigo mais fugir é de nada. E só por que ela sabe que eu sei que ela sabe disso tudo que eu estou dizendo agora, e também que mesmo assim é só para poder me alongar um pouquinho mais no gosto doce de dizer à ela quantas vezes eu puder, de quantos modos que eu puder...

Eu te amo meu amor.
 

Menina mimada

By m.regina
Se irrita com os seus poemas que só fazem perguntas e se irrita com o silêncio quando esta sozinha, de quando ninguém responde. E ainda é uma mentirosa, toda essa irritação de falsidade, mentira só para ocupar o silêncio de não ter o que quer.
Ela se irrita na verdade com as palavras que escuta dela pra ela mesma. O que a mãe diria, que já lhe fala sem nem ela perguntar, sem nem estar alí.
Se irrita com aquela vozinha certeira! Lhe falando um bando de coisas que ela já sabe. Muito irritante ser tão irritada com tudo, viver de cara emburrada.
Só que não quenem criança de dente nascente, que só não morde o próprio rabo porque não tem.
Mas como criança mentirosa, que se irrita mesmo só quando não ganha mimo e não chama atenção quando resmunga e esperneia.
 

Quando que cantam os passaros?

By m.regina
E quando que cai a noite?
Cai a noite quando o mundo esfria,
quando as bocas calam,
quando as paixões descansam?

Cai a noite quando os milagres saem,
quando os amores cheiram
ou quando eu sonho,

Quando eu sonho nossos amanhãs?

Nossos amanhãs
Quando cantarão os pássaros
e despertaremos finalmente deste sono tonto
de não ter ao lado,

Desta brincadeira besta
de sentir falta do que não partiu,

De uma lua que ainda brilha longe,
Que ainda brilha os seus sorrisos?
 

quem sou eu:

By m.regina
Eu não sou meus olhos, nem os seus.
Não sou minha poesia, nem sua interpretação.
Não sou meu rosto, minhas mãos, minhas pernas ou meus ombros
Não sou meus méritos.Ou minhas perguntas, ou silêncios.
Não sou minhas palavras, meus medos ou desejos.
Não sou qualquer outra coisa.

Eu Somos o coletivo.
Vários grupo de varias coisas.
Que conflitam, morrem e se renovam.
Somos um organismo adimensional, metafísico, abstrato.
Somos uma estabilidade mentirosa. .
Não somos os erros do passado, não somos a moral do presente.
Não somos nosso calor
ou qualquer outro sentimento.

Juntos, somos exatamente igual a você,
E ainda conseguimos não ser contraditórios
Em meio a nossas diferenças.

 

Gotas de pera

Category: By m.regina
(Eu não me lembro mais como dar títulos as coisas. É difícil pois escrever me equilibra. Mas eu não devo, necessariamente nem preciso, eu só quero. E isso é uma declaração mais responsável.
Adorava escrever das coisas pequenas quando elas pareciam grandes para mim, são as coisas que mais gosto de reler, já que é só o que faço ultimamente. Me sentia, nem me lembro como mas sim sentia a mim. E agora eu só sinto um pouco por tudo, não sei nem se me desculpo. Ou isso ou nada mais, como o seco vazio. Das coisas, agora que tudo parece pequeno, tudo tão pequeno!)


Um filete agudo de água.

Preciso de uma música, uma onda sonora. Um ritmo para rodar a vida adiante,
não necessariamente música, preciso de um espírito. Uma primeira vez de sopro nas velas. Uma inauguração da vontade! Risos de quem sabe como é dançar. "te basta fechar os olhos" Mas era evidente que, depois de tudo que já aconteceu na história, eu que passaria a vida toda com um mesmo tom de voz, um mesmo timbre de interrogação. A nota das minhas perguntas, me cansaria de ouvir. Eu ainda as vejo verdes e bem prezas aos galhos, longe do chão. Longe das mãozinhas das crianças prezas a terra, sob as sombras das arvores.
E um texto parece amadurecer a resposta, tomba-las para baixo e crescer! Amadurecer as crianças, cresce-las para o céu e alcançar idéias. E é por isso que eu preciso voltar, preciso voltar para os bosques papai! Eu só quero, sempre quis o mesmo!

Que chova.

Se chover as frutas todas caem a terra brota e as crianças crescem. E eu estou com uma sede terrível! Por isso nem notei quando foi que parei de cantar, e agora não sei como dar título ao que restou na minha garganta, e nem mesmo quero.
Só quero que chova! Chova as peras como lágrimas no chão, choro das arvores que pingue entre as suas raizes e terra. Para ter as idéias e as frutas, alcançar os galhos e os textos com a chuva escorrendo os meus dedos! Sei que não preciso, necessariamente não devo.
Mas eu quero tanto!
 

Se eu fechar meus olhos...

By m.regina
Lançarei-me sobre este profundo abismo como pluma, ao vento planando sorrisos. Dançarei à sorte do hálito dos pagãos, em cegas piruetas dançarei! Eterna e tão breve como o acaso...
Se eu fechar meus olhos, loucamente prenderei-os numa torre, tateando o raro orvalho das rochas frias. Mera e incoerente, verei-os caçar o canto das borboletas fantasmas! Mas por muito, como sei! Não poderei detê-los...
Mesmo se eu fechar meus olhos, não saberei os trancar, pois eles eles pertencem ao mundo e sempre irão me escapar.
Mesmo assim fecho meus olhos, esquivando-me da minha razão. Sem sentido sem propósito, farei-o sim e farei-o de novo! Tantas e tantas vezes ao dia. A buscar no instante interno, a beleza que nutri meu viver.
Se eu fechar meus olhos, sei bem que tornarão a me deixar, contudo isso não me consome, pois antes do meu ar acabar, também sei que irão voltar. A dançar e sonhar e sonhar.
Pois apenas fechando meus olhos, me encontro no contemplar, da avidez da minha alma, a verdadeira beleza que alegra meu olhar.

 

Vida Eterna.

Category: By m.regina
Pense sobre o seu passado, tente integrar ele ao seu presente, como fator presente dentro de você, como página de uma história que é infinitamente re-lida.

Existe um homem que conseguiu se dividir em dois. Ele então fugiu para ponto mais isolado do mundo e começou a escrever sua história, ao mesmo tempo que a lia.

Este homem buscava com isso dominar o tempo e viver para sempre.

Assim, quando já estava bem velho e cansado, sonhou que era jovem novamente, e então dividiu-se em três.

Cada um decidiu viver sua vida de um modo diferente, e o homem velho que dormia morreu.

Sua história estará para sempre perdida nas profundezas do tempo que ele não soube abarcar.