O verme que capturou o Deus.

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Sobre o tempo!Ah, o que direi! Ó tempo,
Deus onipotente de todo o universo, teria
eu, pobre verme do morno estrume, evocar
em meu fétido bafo tem nome? Não, resta-me
rir desta infâmia. Como contenta minha
comédia este sublime ser de escutar-me!
Pois bem, não tomarei muito mais de ti de
ti mesmo, só me pego pensando se, na
onipresença de tua essência, quão pasmo
não estaria em ver-se em fim preso a tão
grotesca matéria qual eu.

Ó meu tempo! Ri-se comigo, vamos! Sorvas
também tu este deleite que me consome em
ter uma divindade arapucada. Não mais me
alongarei. Precisei pegar-te na questão que
rouba minhas noites: EXISTES? Encontro-me
sóbrio e tão pouco lúcido mas ainda enxergo
em me redor as paredes cândidas e acolchoadas,
daqui que habito desde o inicio que
concederam-me. Ainda vejo esta minha
pata branca e dentes qual pelados de cor.
E aqui mesmo está você, entre minhas
patas e dentes, para responder minhas
angustias significantes, EXISTES? Se o
mundo mesmo não se resume a gaiola gaiola
branca aqui, diz-me tu Deus das sequências,
se faz-se possível em seu reino o conceito
absurdo de uma cor não seja a pálida esta,
e se acaso existir e isto puder à mim se
revelar, liberta-me de todas as outras mentiras
que esta minha lógica limitada crava sobre meus
olhos cegos, e feito isso, diz a este teu humilde
servo se há EXISTIR além da tua vontade.