Carpe Diem

Category: By m.regina


Será que estou mesmo fazendo a coisa certa? Será que quando penso estar certa das coisas não estou mais uma vez me confundindo e enganando? Será que amanhã pensarei em como fui tola?

Por que tem que ser assim tão complicado para eu saber se estou fazendo o que considero certo? Por que tenho que ser tão insegura o tempo todo?

É péssimo viver assim, se eu ao menos sentisse que posso parar de dizer que não sou confiável, se ao menos eu pudesse acreditar nisso. E o que me torna assim tão desconfiável é essa maldita instabilidade! Não dá para entender por que as pessoas procuram tornar-se mais imprevisíveis a todo tempo!

Mas... Não é surpresa a constatação de que tudo isso vem do raciocínio. Digo, a ação de pensar nas coisas ao invés de simplesmente faze-las, como de pensar sobre as conseqüências e os motivos das coisas que acontecem a sua volta ou de procurar respostas para as encruzilhadas da humanidade. Por quê? Como? Quanto mais perguntas me faço maior fica a duvida e menor a expectativa de solução, mesmo quando essa faz-se eminente, a sobra de que eu poderia estar errada me impede de acreditar. E se... E se... E se...

Existem poucas verdades no mundo que eu poderia certamente afirmar acreditar, uma delas é a de que todos temos que escolher entre duas buscas enquanto o sangue ainda nos corre; na vida, a busca pela felicidade, ou a busca pelo significado. Eu sei disso e não ouso questionar, pois eu mesma vivo esses meus últimos anos perambulando entre essa fronteira. Felicidade ou Significado? Quem dera se pudéssemos ter as duas! Mas não é preciso pensar muito para entender o porquê; uma vida de felicidade vive-se no presente, "carpe diem" como dizem, viver a vida dia após dia, aproveitar o perfume das flores ou ser capaz de alegrar-se com o fato de poder ouvir seu próprio coração antes de dormir. Mas quando se procura uma vida de significado, o passado e o futuro alstram-se na sua vida como trepadeiras ferozes em uma casinha no campo, e a felicidade não é mais o mais importante dos sentimentos. Aprender com a dor, com a solidão, tentar entender o mundo por si só e ignorar a ignorância das pessoas quanto a ele.

Mas agora me pergunto... Qual dessas duas resoluções de vida vive dentro de si, e qual vive no mundo real? Ao passo de que a hipótese de haverem dois mundos coexistindo torna-se pouco provável, qual desses dois pontos de vista seria o mais preciso quanto à razão de viver?

"O significado da vida", que idiota eu fui em não me dar conta de que assunto estava tentando discutir! Até parece...

Bom, então voltando à parte "reflexível", sobre o que seria o certo e o errado, a única solução que vejo para esse problema é o caráter. Mas como construirei um caráter se não tenho resoluções? Se não tenho princípios? Seria assim tão simples cria-los apenas porque assim quero?

Princípios, princípios... Acho que os princípios existem para que as pessoas possam confiar umas nas outras, partindo do principio de que todos temos... Princípios. Acho que a maioria das pessoas de princípios não conseguiram-nos pensando; provavelmente aqueles que não possuem origem religiosa são noções populares, como não devemos colar na prova ou roubar doces de crianças com síndrome de Down. Eu não tenho nenhuma dessas opções para me ajudar, mas por algum motivo acabo de me lembrar de algumas coisas que acredito:

>As pessoas sempre mudam, talvez de modo que não possamos ver, mas sempre mudam.

>Não da para comparar minha dor com a sua, nem a dor de arrancar a perna de um elefante e a de um ratinho, não existem medidas e sim proporções quando se trata de sentimentos.

>Tudo no que eu acredito pode ser mentira ou besteira, nada é exceção.

>Existem muitas pessoas no mundo.

>Nada do que as pessoas dizem deve ser tomado necessariamente como verdade.

...

É, até que são mais do que eu pensei que seriam, ainda assim sinto a necessidade de criar outras, até o dia em que não tenha mais que me perguntar o tempo inteiro se estou fazendo a coisa certa.
 

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