caderno de história

Category: By m.regina
"Ontem depois do filme eu sentia como se estivesse vendo, mais ao mesmo tempo como se estivesse acabado de perceber que era cega. Eu comecei a prestar mais atenção nos sons e nos cheiros, que transmitiam muito mais o ambiente do shopping lotado do que eu imaginava. Depois pensei em quanto isso iria durar, quanto tempo iria demorar para eu esquecer disso e voltar a ignorar eles de novo.

É, também tinha pensado sobre algo relacionado a cegueira das pessoas. Não sei, mas acho que a fragilidade da sociedade me fez pensar nessas coisas, no modo como engenhosamente as pessoas modificam sua percepção do ambiente com o passar dos tempos. Quer dizer, as pessoas se tornaram cenários umas da vida das outras! Tornou-se tão estranho um shopping sem pessoas quanto sem teto! E não que a presença delas faça alguma diferença na sua vida, elas só.. fazem parte do ambiente.

E o mais estranho é pensar que você é cenário dos seus cenários, tão vazios, tão sobressalentes e irrelevantes perto da importância da sua vida, de você! Como você e todas aqueles seres essenciais que compõem minha vida poderiam ser os duplamente vazios e irrelevantes cenários dos meus cenários?!

Bom, isso mostra a importância que esses cenário possuem, na sua irrelevância mora sua complexidade e equivalência a todos nós, e também a nossa arrogância e estupidez em inferiorizá-los. Mas qual seria a vantagem de relevá-los afinal? Deve haver algum bom motivo para ignorarmo-nos desses modo, não deve? O que aconteceria com a frágil sociedade se pudéssemos, cada um, enxergar a importância dos estranhos a nossa volta e... Nos importássemos com eles?

Não sei, não estava disposta a levar a questão adiante naquele momento e agra também não estou. Me lembro de também ter pensado em seguida - não sei qual a razão mas... - algo sobre individualidade. Ah! Sim, sobre como as pessoas se consideram as únicas "protagonistas" da história, como a transformam em sua e redefinem e "personalizam" a realidade de acordo com suas noções pessoais. Mas é impossível provar que toda esse mundo não é criação de nossa mente (e que não somos cérebros flutuantes em potes), não é de se espantar que as pessoas acabem convenientemente acreditando que sim, afinal a fé é com um salto no escuro, ou algo assim...

Enfim, desse modo que as pessoas criam suas opiniões sobre o mundo, se dividem em grupos e criam uma sociedade para apartar essas discordâncias geradas. E isso não é nada, mas estou com preguiça e cansada demais para continuar pensando em besteira...”
 

1 comment so far.

  1. juulia 23 de fevereiro de 2009 às 12:43
    hmm, acho que já ouvi sobre isso em algum lugar (:

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